Dois jornalistas da BBC conseguiram, em 2010, entrar numa das mais fechadas nações do mundo. Depois de lá terem passado alguns meses, Sue Lloyd Roberts e Michael Bristow dão conta dos aspectos mais bizarros de uma nação que se encontra em histeria nacional após a morte do seu 'Querido Líder', Kim Jong-Il.
Universitários não sabem quem é Nelson Mandela
Os estudantes universitários aprendem inglês «graças ao Grande Líder» e é ele quem lhes «permite ver filmes britânicos e americanos, como o The Sound of Music», (um musical de 1965).
Quanto a líderes mundiais, para além do Querido Líder, conhecem Estaline e Mao Tsé Tung, de Nelson Mandela nunca ouviram falar.
Kim Il-sung morreu mas ainda é o presidente
Kim Il-sung, pai de Kim Jong-Il e fundador do regime, morreu há 16 anos mas continua a ser o presidente do país, onde existem mais de 500 estátuas suas.
«Ele é imortal», explica a guia de Sue Lloyd Roberts, uma das jornalistas. Com apenas 24 anos, a rapariga explica que os norte-coreanos não acreditam que o' Grande Líder' tenha desaparecido.
O chão de Pyongyang é limpo à mão
O isolamento em que vivem permitiu aos norte-coreanos terem hábitos que dificilmente terão sido vistos noutro local.
A erva que cresce na berma das estradas é cortada à tesoura e os pavimentos da cidade são esfregados com escovas e esponjas, normalmente, reservadas à limpeza do lar.
«Pyongyang é uma cidade monótona e sem cor, onde existem poucos edifícios em construção», conta Michael Bristow.
Furar a bolha
Os cerca de 3 mil norte-coreanos que, por ano, conseguem escapar do país mas isolado do mundo entram noutro planeta quando conseguem furar a bolha onde viviam.
Ao passarem para a Coreia do Sul, entram num país que tem as ligações de banda larga mais rápidas do mundo e onde nas lojas e centros comerciais existem câmaras e ecrãs tácteis que permitem tirar uma fotos e enviá-las aos amigos.
Este tipo de tecnologia e partilha de informação deixa os norte-coreanos abismados, por isso, ao chegarem à Coreia do Sul passam alguns meses em escolas governamentais para aprenderem a lidar com o século XXI.
Intranet em vez de INTERNET
A televisão norte-coreana transmite apenas notícias e documentários acerca dos líderes, do exército, das quintas modelo, das vilas modelo, ect.
Os norte-coreanos nunca viram outro tipo de documentário acerca do resto do mundo, não estão autorizados a fazê-lo e não poderiam, mesmo que quisessem, porque ninguém tem acesso à Internet na Coreia do Norte.
Em vez disso têm um serviço especial de Intranet.
Um estudante de pós-graduação de metalurgia não pode comparar a sua pesquisa com a de outro colega noutra parte do mundo porque o sistema não o deixa. Em vez disso, explica: «O nosso Querido Líder colocou tudo o que precisamos saber na Intranet».
in www.sol.pt